«95 por cento das pessoas da UTAD são fantásticas»

Luís Alberto Martins Guimarães nasceu em Angola há 42 anos. Sente-se ligado à UTAD desde criança, pois acompanhava o seu pai, que era carpinteiro na instituição, ajudando-o em algumas tarefas, o que lhe permitiu aprender essa arte. Mais tarde, a partir dos 18 anos, passou a trabalhar na UTAD em várias ocupações. Primeiro como serralheiro, depois emigrou para Paris de onde regressou para fazer a tropa, voltando para a UTAD onde trabalhou como varredor, depois como carpinteiro e, finalmente, desempenha as suas funções no setor de Inventário. Nas horas vagas, é campeão de pesca desportiva. Apesar de jovem, tem já uma história de vida muito preenchida.


Fale um pouco de si, como foi a sua infância, como chegou à UTAD

Nasci em Angola, onde o meu pai foi fazer a tropa. Quando se deu o 25 de Abril, viemos para Portugal, mais propriamente para Sanfins do Douro, a terra da minha mãe. Depois, mudámo-nos para Alijó, onde comecei a primária, e, como o meu pai veio trabalhar para a UTAD, viemos viver para Vila Real, onde continuei a estudar. Estudei até ao 9º ano na Escola Morgado de Mateus. E como o meu pai trabalhava como carpinteiro na UTAD eu vinha para aqui, com os meus 11 – 12 anos. Trazia-lhe o comer e fui ficando a aprender a arte com ele. Aos 18 anos deixei de estudar e comecei na UTAD a trabalhar como serralheiro. Trabalhei um ano e, como não tinha contrato, saí e fui de férias para Paris onde acabei por ficar dois anos a trabalhar numa loja de souvenires. Depois tive de vir para fazer a tropa, e, terminada a tropa, voltei para Paris, mas as condições já eram outras. O meu antigo patrão, que era como um pai para mim, com a crise da época, chegou a um ponto em que já não tinha dinheiro para me pagar. Regressei então a Portugal, vim para a UTAD, onde passei a trabalhar como varredor, com carrinho, pá e vassoura, depois passei a trabalhar como carpinteiro, estive assim oito anos, depois o Prof. Carlos Cardoso, porque achava que eu era habilidoso para fazer trabalhos diversos, chamou-me para o curso de Teatro e Artes Performativas, onde fazia de tudo e mais alguma coisa, desde som, luz, montagens, maquetes. (…) Entretanto, como o CIFOP fechou, acabei por vir para o setor do Inventário, onde me encontro.

Como é a sua atividade na UTAD?

Zelo pelo bem patrimonial da UTAD. Desde uma pen até um sinal de trânsito do campus. Tudo o que seja mandado vir pela UTAD, é um bem que a UTAD tem, e o meu trabalho é inventariar. Percorro os gabinetes todos, vejo todo o tipo de material que possa existir, retiro tudo o que seja marca, modelo e número de série, depois vou para o gabinete onde continuo a zelar por esse controle.

Do que mais gosta na sua atividade?

Gosto do contacto com as pessoas. 95 por cento das pessoas da UTAD são fantásticas. Dou-me com todas. Entram-me pelo gabinete, convidam-me para tomar um café, para comer uma bolacha…

E fora da UTAD? Fale do seu hobby favorito?

É a pesca desportiva. Esse bichinho da pesca é uma paixão que tenho desde muito novo.
Já vem do meu pai. Ia com ele, tirava um peixe, tirava dois. Sempre gostei de pescar. Em 2006 tive a opção de me meter na competição. De 2006 a 2010, andei a competir a nível regional. E de há quatro anos para cá, tenho-me dedicado a 100 por cento. Fui campeão regional, apurei-me por clubes, fui campeão regional individual e subi à 2ª divisão nacional.

Onde pratica? É em Vila Real?

Infelizmente, em Vila Real falta-nos uma pista de pesca. Temos um rio Corgo tão bonito e este desporto mobiliza tanta gente! Veja-se como em Chaves, quando há provas, enchem os hotéis, os restaurantes. Faço a prática em Chaves e Cavez, no rio Tâmega, e também em Aveiro, com as lagoas artificiais, ou em Penacova, etc.

Uma ideia melhor para a UTAD…

Devia haver mais união e mais amizade. No trabalho, quer sejamos um grupo de dois ou um grupo de vinte, é preciso que sejamos mais unidos, ajudarmo-nos uns aos outros. Repare que nós, se dermos bem conta, passamos mais tempo aqui na UTAD do que propriamente com a mulher, com o filho, com a mãe, com o pai…

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Entrevista: Produção de conteúdos GCI – Gabinete de Comunicação e Imagem
Fotos e vídeo: José Paulo Santos | GCI – Gabinete de Comunicação e Imagem