“A UTAD não deve perder a sua vocação transmontana e duriense”

É professor auxiliar na UTAD. Natural de Chaves, viveu a sua adolescência e juventude ligado a grupos musicais, alguns que fundou e liderou, ganhando aí o gosto apurado para a música, que em muito favoreceu, mais tarde, um percurso académico notável neste domínio.


Fale-nos um pouco de si.

Nasci e vivo em Chaves. Fiz o doutoramento em Investigacións en Didácticas Especiais/Didáctica da Expressión Musical na Universidade de Vigo e hoje sou professor auxiliar na Escola de Ciências Sociais e Humanas da UTAD. Atuo nas áreas de Ciências Sociais, com ênfase em Ciências da Educação, e de Humanidades, com ênfase em Artes. Leciono nos cursos de licenciatura em Educação Básica, em Animação Cultural e Comunitária, em Teatro e Artes Performativas e em Línguas, Literaturas e Culturas, as Unidades Curriculares de Expressão Musical, Voz e Canto, Música e Animação, e Música e Sociedade. Leciono, também, nos mestrados de Ciências da Educação, especialização em Animação Sociocultural e de Ensino de 1º e 2º ciclos do Ensino Básico, as Unidades curriculares de Música e Sociedade, de Associativismo Sociocultural, de Estágio II e de Seminário Interdisciplinar II. Para além das atividades de ensino, destaco a produção de artigos que publico e apresento em congressos, seminários e colóquios, e as atividades artísticas que desenvolvo nas Unidades Curriculares, ligadas à música e ao canto, e ainda o acompanhamento de mestrandos e doutorandos, sobretudo em dissertações e teses relacionadas com a música na e para e educação e na animação sociocultural.

Com uma atividade muito preenchida na UTAD, do que mais gosta na instituição?

Gosto da importância dada ao ensino, porque visa os elementos principais de uma Universidade, que são os alunos, e também o relevo dado à investigação, porque a Universidade é o motor, em interação com as comunidades, da pesquisa que visa melhorar a sociedade. Também aprecio a importância atribuída à extensão e apoio à comunidade em muitos domínios da sua ação. Considero notável igualmente o esforço da UTAD em conquistar e assumir um espaço próprio e uma identidade no ensino superior em Portugal. Tanto na área das Ciências Sociais e Humanas, que eu conheço melhor, como nas restantes áreas de Ciências da Vida e do Ambiente, Ciências da Tecnologia, Ciências Agrárias e Veterinárias e Ciências da Saúde, através do curso de Enfermagem, é claramente uma instituição que procura combater as assimetrias de formação superior entre grandes centros e pequenos centros, litoral e interior.

Está ligado à música há muitos anos, que atividades fora da rotina académica mantém nesse domínio?

Fora do contexto do trabalho profissional, reúno semanalmente em Chaves com um grupo de amigos, músicos, alguns aposentados, outros ainda não, amantes do poprock, da bossa nova, do fado e do jazz e preparamos um reportório nas três vertentes musicais, com o objetivo de ocupação de tempos livres, mas também na perspetiva da colaboração e participação, de uma forma gratuita, em eventos de carácter cultural com instituições que dela necessitem. Também coordeno uma página no Facebook que está neste momento a fazer a recolha de informação de todos os grupos e respetivos participantes de grupos poprock dos anos 60 e 70 de Chaves e respetiva região, conhecida como Alto Tâmega e Barroso.

Por fim, gostávamos de conhecer uma ideia sua para uma UTAD melhor…

Apesar de a UTAD cumprir, na medida do possível, o seu desiderato, entendo que não pode, não deve perder a sua vocação transmontana e duriense, reduzindo o conceito de Trás-os-Montes e Alto Douro às margens do Douro. O Douro é bastante mais que o vinho, Douro é uma bacia hidrográfica onde entram todos os seus afluentes e respetivos espaços, sobretudo os do território nacional português. A Universidade, a UTAD, pela relevância que define enquanto entidade de ensino, de investigação e de extensão e de apoio à comunidade, deve poder assumir o seu papel de uma forma equidistante e eficaz para cumprir a sua efetiva participação no desenvolvimento da região Transmontana e Duriense.

Veja também esta entrevista em vídeo: [VER]
Entrevista: Produção de conteúdos GCI – Gabinete de Comunicação e Imagem
Fotos: José Paulo Santos | GCI – Gabinete de Comunicação e Imagem