“Temos um jardim maravilhoso que divulgamos através de vários canais, mas há muitas pessoas que não o conseguem ver pois só têm disponibilidade ao fim de semana»

Carla Maria Alves Quintelas do Amaral e Marinho, ou Carla Amaral como é conhecida, é docente do Departamento de Biologia e Ambiente e investigadora do CITAB. Reconhecida pelas muitas tarefas e missões que abraça na vida da instituição, é também portadora de talentos multifacetados, ao completar a docência e a investigação na UTAD com atividades muito nobres na sociedade, seja enquanto desportista e catequista, seja enquanto coralista, integrando e animando dois grupos corais de inspiração sacra de Vila Real.


Conte um pouco da sua história de vida

Nasci em Vila Real. Sou, como costuma dizer-se, nada e criada na cidade. Comecei os meus estudos no Colégio Moderno de S. José. Tive uma educação sempre de inspiração cristã. Depois estudei na Escola Secundária de Camilo Castelo Branco, primeiro ainda como liceu e depois já como escola secundária, e entrei aqui na UTAD, em 1989. Tirei aqui a licenciatura em Ensino da Biologia e Geologia, pois sempre gostei de ensinar. Comecei então a trabalhar como professora do ensino secundário, no grupo de biologia-geologia, em Felgueiras e fiquei logo colocada como efetiva em Campo Maior. Entretanto, como tinha comigo o “bichinho” da investigação, candidatei-me a um lugar na UTAD como assistente estagiária, fui chamada e, embora já estivesse como efetiva no ensino secundário, pedi a rescisão do contrato e vim trabalhar para a Universidade, isto em 1995. Portanto já faço parte do mobiliário há 21 anos. Prossegui a formação com o mestrado na Universidade do Minho e o doutoramento na UTAD, mas fui apoiada e orientada também na Universidade do Minho. De todo o modo, o meu crescimento foi basicamente aqui na cidade. Por isso, sou mesmo uma vila-realense de gema. Tive uma infância muito feliz. Foi daquelas infâncias em que conseguimos passar imenso tempo em casa dos avós.

Fale-nos da sua atividade na UTAD

Como disse, comecei aqui em 1995 como assistente estagiária. Na altura candidatei-me para um lugar de orientadora pedagógica, para orientar os alunos de biologia-geologia. Entretanto, as coisas foram mudando na instituição, começaram a reforçar-se as necessidades relacionadas com a área do ambiente e eu fui então mudando um pouco a minha trajetória, que era para ser, supostamente, supervisora pedagógica, mas voltei-me mais para a área do ambiente e nisso me especializei. O meu mestrado é em qualidade ambiental e o doutoramento em ciências ambientais. Neste momento, leciono em todos os cursos que tenham a cadeira de biologia celular, que é transversal a todos os cursos com formação em ciências biológicas. Portanto, dou aulas aos cursos de engenharia agrícola, zootécnica, enologia, florestal, e também aos cursos de biologia, bioquímica, genética. A minha investigação é feita na área da biologia aplicada ao ambiente. Trabalho em microbiologia, em particular com leveduras, que investigo no sentido de as aplicar a processos de despoluição do meio ambiente, particularmente meios aquáticos. Especializei-me no tratamento biológico de efluentes agro-industriais, tipo de efluentes que é gerado em grandes quantidades aqui no Norte, especialmente águas residuais dos lagares de azeite e dos lagares de vinho.

E do que mais gosta na sua atividade?

De duas coisas essencialmente. Gosto muito do contacto com os alunos e também de aprender com eles. Na minha perspetiva, o professor do ensino superior não está aqui só para passar conhecimentos. Gosto muito de ouvir os alunos e da relação humana que com eles estabeleço. Aliás, isto é algo de que a nossa universidade também se pode orgulhar, pois temos aqui esta perspetiva um pouco diferente na relação de proximidade com alunos. Gosto também muito de estar no laboratório, com os meus trabalhos de investigação. Sou muito exigente comigo própria, talvez pelo meu signo, e muito minuciosa naquilo que faço.

Fale-nos também dos seus hobbies fora da Universidade

Há três coisas que gosto de fazer fora da Universidade. Jogar voleibol, ser catequista e gosto muito de cantar. Entrei pela primeira vez no coro da UTAD, em 1995. Neste momento, canto no coro litúrgico de Nossa Senhora da Conceição e tenho um coro de câmara, constituído por 14 elementos, o Coro de Câmara D’Ouro. É um coro a quatro vozes, masculinas e femininas. É muito recente, começámos há dois anos atrás. Temos programados concertos para Chaves, Bragança, Lamego e Santa Marta de Penaguião, para divulgarmos um pouco da música coral de origem sacra.

Gostaríamos também de conhecer uma ideia sua para uma UTAD melhor

Há uma ideia que já propus e em que insisto: manter, ao domingo, a UTAD aberta, porque temos um jardim maravilhoso que divulgamos através de vários canais, mas há muitas pessoas que não o conseguem ver pois só têm disponibilidade ao fim de semana, e ao fim de semana está fechado. Para além do jardim botânico, há também o museu de geologia que podia ser visitado ao fim de semana e isso permitiria que a cidade ficasse um pouco mais próxima de nós. E quem diz a cidade, diz quem a vem visitar.

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Entrevista: Produção de conteúdos GCI – Gabinete de Comunicação e Imagem
Fotos e Vídeo (realização): José Paulo Santos | GCI – Gabinete de Comunicação e Imagem